sábado, 12 de setembro de 2009

JUVENTUDE ..............HISTORIAS DE IDEAIS!!!!!!!!

Semana passada, duas notícias divulgadas em meios de comunicação me chamaram a atenção e me fizeram refletir sobre o desrespeito à juventude. A primeira, foi a decisão do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) de negar as liminares que pediam a suspensão do toque de recolher para adolescentes e jovens nas cidades de Ilha Solteira (SP), Santo Estevão (BA) e Patos de Minas (MG). A outra, a decisão do Estado de Israel de criar um tribunal militar especial para julgamentos de menores de 16 anos na Palestina.
Mesmo com os avanços no patamar de entendimento da população juvenil, quando acreditamos que esses avanços nos levam do simples e necessário reconhecimento dos/as jovens como sujeitos de direitos e parte significativa da sociedade, para um patamar de debate que não apenas os reconhece, mas avança na construção de políticas públicas específicas e de marcos legais que assegurem os seus direitos e garantam mecanismos de vida plena à juventude, nos deparamos com medidas que nada mais representam do que mais um ataque histórico-geracional à populacional juvenil.
Em relação ao toque de recolher nas três cidades brasileiras, o argumento do ministro do Tribunal Superior do Trabalho, ministro Ives Gandra Martins Filho, é que a medida tomada “devolve aos pais o sono e contribui para a não deformação dos jovens”.
Há quem defenda que essa medida protege os jovens, pois os deixa menos vulneráveis às más companhias, ao envolvimento com drogas e criminalidade.
O certo é que medidas como essa caminha rumo à criminalização de jovens e adolescentes, atribuem ao Estado a responsabilidade de cuidado dos/as jovens que prioritariamente é da família, mas principalmente, retorna à pauta a associação jovens-problemas, fugindo do debate de responsabilidades do estado na construção de políticas que promovam qualidade de vida e dignidade a essa população.
Essa medida simplifica um problema, impede que medidas necessárias sejam realmente tomadas. Antes de tomar posições como essas, dever-se-ia perguntar o porquê dos/as jovens estarem na rua à noite?
Alguns estão apenas vivenciando a socialização, uma vez que trabalham e estudam durante o dia, e não lhes sobra outro momento para viver estes momentos. Nestes casos, a medida do toque de recolher pode comprometer seriamente a formação desses jovens.
Mas há os que encontram nas ruas uma fuga diante das situações conflituosas que vivenciam dentro da sua casa, sejam elas de agressões, violências, ou mesmo desentendimentos com a família por falta de diálogo.
As medidas para enfrentar essas situações com certeza não pode ser o toque de recolher. Na primeira situação porque impede o desenvolvimento sócio-cultural dos/as jovens; e na segunda, porque se abstém de impedir que os/as jovens permaneçam sofrendo um tipo de agressão. Em ambos os casos, fortalecem a visão da juventude problemática, e os criminaliza, simplesmente por tratar questões ligadas à população juvenil como caso de polícia.
Decisão esta que criminaliza tanto os/as jovens brasileiros/as quanto é criminalizada a juventude palestina pelo estado de Israel, ao permitir que os/as jovens sejam julgados/as como adultos.
O argumento utilizado por Israel para tomar essa medida, afirma que busca julgar os/as jovens recrutados/as pela criminalidade. Mas há duas questões que precisam ser bem entendidas aqui: primeiro é que por criminalidade entende-se o envolvimento desses jovens com movimentos de resistência à ocupação israelense; segundo, caso fosse verdadeira a argumentação, seria criado um tribunal civil, e não um militar.
De formas diferentes, por motivos diferentes, com objetivos diferentes, nos deparamos com um retrocesso aos tantos avanços conquistados pelos/as jovens.
Em nenhum lugar do mundo deve-se permitir a criminalização de jovens e o impedimento de sua socialização, o impedimento de sua liberdade.
E eu, como estudante de Ciências Sociais, como militante de esquerda e jovem, preciso externalizar minha indignação com esses processos e combater a sua naturalização, tida como conseqüências irreversíveis de um tempo em que “manda quem pode e obedece quem tem juízo”.
Somente com o respeito aos/as jovens, com a construção de políticas públicas que garantam os direitos básicos a essa população, que garantam o seu direito à vida, o sono de nossos pais serão garantidos.
Nenhum passo atrás pode ser dado. É necessário continuar os avanços, impedir retrocessos e combater toda e qualquer forma de criminalização da juventude.
Apenas desta forma garantiremos o sono tranqüilo nosso e de nossos pais, e não teremos nossa vida e nossos sonhos deformados.Thalita Coelho é estudante de Ciências Sociais na UFPA e militante do PT no Pará.

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